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Curitiba e a nossa versão do Kopi Luwak

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Sou declaradamente apaixonado por Curitiba. O clima, o povo, a cultura... uma cidade que tem um bairro chamado Santa Felicidade não tem como ser uma cidade ruim!
E foi nesta cidade maravilhosa (o Rio que me desculpe, mas Curitiba é mais legal), que conseguimos enfim experimentar um pedaço do Espírito Santo, mais precismente, de sua região montanhosa, que tem alcançado fama internacional por causa de algo, no mínimo, inusitado.

Quem assistiu o filme "Antes de partir", com Jack Nicholson e Morgan Freeman, viu que o personagem interpretado por Nicholson é aficcionado por um café chamado Kopi Luwak, o mais caro e mais raro do mundo, que, conforme Freeman descobre ao fim do filme, é processado a partir das fezes de um felino da Sumatra, que dá nome ao café. E você se pergunta: o que Curitiba, o Espírito Santo e eu tenho a ver com isso? Estamos chegando lá.

Na região da Pedra Azul, área montanhosa do Espírito Santo, uma descoberta na fazenda Camocim criou a nossa versão do Kopi Luwak: o Jacu Bird Coffee. Apesar de serem animais completamente diferentes, com processos digestivos tão díspares quanto uma ave e um mamífero poderiam ter, o felino da Sumatra e o pássaro brasileiro tem duas coisas em comum: adoram comer as cerejas (fruto in natura) do café e defecam estes de maneira separada das fezes comuns, parecendo um "pé de moleque" meio trash. A partir disso, os grãos são recolhidos manualmente, passam por secagem, limpeza e torrefação para chegarem ao mercado com altíssimos preços (O Kopi Luwak custa 1200 DOLARES o kg, e o Jacu, 300 reais o kg em média).



Voltando à Curitiba. Estava fazendo um city tour para mostrar à Cá as belezas da cidade que tanto gosto e passamos pela Ópera de Arame. Neste lugar (lindo, aliás), criado por Domingos Bongestabs, de estrutura tubular e revestimento de policarbonato transparente, existe um simpático e acanhado café em seu subsolo, o Café da Ópera. Paramos com a intenção de comprar uma água apenas, pois estávamos rodando há um bom tempo, quando vimos no cardápio a verdadeira iguaria dos cafés nacionais: o Jacu Bird. Ao preço de 10 reais a xícara de espresso (muito bem tirado, aliás), resolvemos experimentar para ver o que o tal de Jacu tem a mais que os outros? Provavelmente o melhor café que já experimentei, só isso!

Antes de mais nada, é necessário vencer o preconceito sobre a origem do café. As pessoas torcem o nariz quando ouvem em como ele é criado, mas lembrem-se de um detalhe importante: a maior parte dos alimentos vegetais que você consome utiliza adubo animal, ou seja, excrementos fecais de diversos animais, para conseguir um melhor desenvolvimento da planta e, consequentemente, mais sabor aos seus frutos, folhas ou sementes. Partindo desse princípio, pense que o Jacu Bird é simplesmente um café adubado, e o Jacu, o trator que distribui o adubo pela plantação, certo?
Mas, vamos à prova: o Jacu Bird é um café encorpado, mas suave. Extremamente equilibrado, não tem acidez acentuada nem amargor, deixando um resíduo adocicado na boca. Preparando-o como um espresso, a forma que experimentamos, tem crema espessa e persistente, em uma diferença enorme para a maioria dos grãos que estamos acostumados a comprar por aí ou aos cafés que pedimos em diferentes estabelecimentos. O preparo do café é muito importante, então, se você for comprar para utilizar em casa, informe-se sobre a melhor maneira de prepará-lo, correndo o risco, se não pesquisar antes, de fazer um café extremamente fraco (já que o Jacu Bird é um café mais delicado por natureza).



Depois de degustar o café (até para nào estragar o gosto bom que ele deixou na boca), o negócio foi pedir a conta e continuar feliz o tour por Curitiba e suas maravilhas (inclusive o Madalosso, que a Cá já escreveu a respeito), e que venha o café do felino da Sumatra!

Comments (2)

Opa! tá ai um preço acessivel por um café raro, queria mesmo era tomar o Kopi Luwak, mas vou experimentar este que é melhor para o meu bolso no momento!!

Hahahaha, verdade Eduardo!
Nós ainda tentamos consumir o Kopi Luwak mas não encontramos em nenhuma cafeteria ainda, nem as ditas "chiques" de SP... Talvez porque não cheguem muitas sacas no Brasil, ou por não ter saida... Eu acredito mais na "não saida" do que na "saida rapida" deste café.
O Kopi Luwak enfrenta muito mais barreiras que o café de jacu, pelo preço e por, digamos assim, sua origem... Acho que é mais facil "digerir" a idéia do café vir do estomago de um pássaro do que vir de uma especie de gato.
Eu acredito que ambos sejam muito parecidos (levando em consideração as diferenças do grão), mas o café de jacu já serve como ótimo começo!

Obrigada pela visita, bjos

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