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Caldos prontos e suas peculiaridades

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Eu e o Di, modestia a parte, somos bons gourmets e bons gourmands... e como tal, nas nossas viagens pelo Brasil e mundo a fora, uma coisa que não pode nos faltar para que ela seja perfeita é uma boa ida ao mercado.

E não estou falando daquela coisa de quem vem para SP... "A grande ida ao mercado municipal", não, estou falando dos clássicos, walmart, disco, carrefour ou qqr coisa que o valha.
Claro, há lugares que uma ida ao Mercadão local é indispensável, como em Santiago, no Chile, para comer a maravilhosa centolla... mas hj o post é sobre algo muito mais industrial, os tais cubinhos de caldo pronto.

Para quem se interessa em conhecer a cultura local, muito alem do que um roteiro turistico pode oferecer, nao imagina como esses cubinhos contam gostos e costumes.

Brasil - hoje nas gondolas encontramos inumeros sabores, alguns, até um pouco bizarros. Dos tradicionais carne, legumes e galinha evoluimos para os sabores: linguiça, bacon, costelinha, carne seca, feijoada, galinha caipira com coentro, cebola e alho (na versão "meu arroz"), bacon com louro (versão meu feijão), frango com shoyu, carne assada, frango com ervas, picanha, frango assado, costela e por ai vai... A maioria eu me questiono lamuriosa: Prá quêeeeee???

Honestamente, quem faz qualquer coisa que não seja uma picanha, sabor picanha?! Arroz sabor picanha? Peito de frango sabor picanha? Picanha com caldo de picanha?! Duvido muito...

E alguém distingue, num refogado: "huum, delicia, usaram caldo de bacon" ou "huum, usaram caldinho de carne seca".... Nãaaaoooo (num tom quase choroso).

Ok, dou o braço a torcer porque uns são excelentes, vc realmente sente o sabor, é o caso do galinha com coentro e colorau...... mas, p/ que ter: galinha, frango com shoyu, frango assado?! Não entendo, mas estão aí...

Outra coisa que definitivamente... porque a linha de temperos regionais foi limitada?... O caldo de peixe, leite de coco e coentro era divino! Um prato cheio para quem gosta de uma moqueca com leite de coco bem pronunciado (meu caso). Ok, não tive oportunidade de ir à um mercado no nordeste (a ultima cidade que fomos, no máximo tinha uma mercearia montada por paulistas), talvez lá se encontre esse tipo de caldo, mas por que um país com um litoral tão enorme não tenha mais caldos "maritimos"?



Oooouuuu, qual a dificuldade de se criar caldos obvios? Ok, ja chegaremos lá.

Argentina - Aaahhh como amamos esse lugar, de Buenos Aires à Ushuaia, é meu lugar no mundo até o momento...
Lá, claro, mercados não podiam faltar no passeio! Tem os caldos "tradicionais" e a nossa vista, não tão tradicionais como: abobora com milho, alho poró com manjericão, ervilhas com alho poró, tomate com queijo, evas finas, etc.

Chile - nada para trazer na mala... caldo de frango com 2 cubos, 4 cubos, 6 cubos, 12 cubos.... idem para carne e legumes.

Uruguai - Esse ainda não conheço, mas em diversas visitas, o Di também passou em mercados e trouxe caldos excelentes: tomate seco e queijo, quatro queijos, bacon com cebola, criollo (tomate, cebola, pimentão), ervas finas, cogumelos, azeitona e manjericão, creme e verdeo (um tipo de cebolinha), tuco clasico (molho de tomate clássico), provençal, alho e manjericão, etc, etc.

SÓDIO - E a pergunta que não quer calar: Por que no Brasil os cubos são bombas hipertensas?! O que hoje aqui é vendido como linha "saudável" se compara aos cubos normais dos nossos vizinhos... e lá, a linha "saudable" não contem sal. Como comparativo, um cubo tradicional no Brasil tem 1998mg Sódio, o que equivale a 84% do recomendado por dia, nos outros paises, no mesmo cubo, encontramos 1258mg de Sódio, em média(52% do valor diario recomendado). Tudo bem, qdo diluimos 1 ou 2 cubos numa panela, esse valor acaba sendo diluido tambem, mas já que há a possibilidade, por que não nos oferecer um produto mais adequado?!



SABORES OBVIOS - Depois de conhecer os caldos Uruguaios, passei a me questionar, como dito acima (isso se vc teve paciencia de chegar até aqui). Ok, o Brasil consome picanha, costelinha, bla bla bla, mas e os sabores obvios?! Por que não lançam um sabor "refogado" ou bacon com cebola/alho, manjericão?!?! Mas de todos, por que raios não lançam um sabor quatro queijos por aqui?! Já está mais que comprovado que brasileiro se derrete por esse sabor, é pizza, é molho, é fondue... e cadê o caldo?! Gente, vocês não fazem a menor ideia de como um creme branco ou um pure ficam irresistiveis com esse caldo!

Regalo de viagem, caldos - Saí distribuindo para as amigas, com parcimonia! rs.

Curitiba e a nossa versão do Kopi Luwak

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Sou declaradamente apaixonado por Curitiba. O clima, o povo, a cultura... uma cidade que tem um bairro chamado Santa Felicidade não tem como ser uma cidade ruim!
E foi nesta cidade maravilhosa (o Rio que me desculpe, mas Curitiba é mais legal), que conseguimos enfim experimentar um pedaço do Espírito Santo, mais precismente, de sua região montanhosa, que tem alcançado fama internacional por causa de algo, no mínimo, inusitado.

Quem assistiu o filme "Antes de partir", com Jack Nicholson e Morgan Freeman, viu que o personagem interpretado por Nicholson é aficcionado por um café chamado Kopi Luwak, o mais caro e mais raro do mundo, que, conforme Freeman descobre ao fim do filme, é processado a partir das fezes de um felino da Sumatra, que dá nome ao café. E você se pergunta: o que Curitiba, o Espírito Santo e eu tenho a ver com isso? Estamos chegando lá.

Na região da Pedra Azul, área montanhosa do Espírito Santo, uma descoberta na fazenda Camocim criou a nossa versão do Kopi Luwak: o Jacu Bird Coffee. Apesar de serem animais completamente diferentes, com processos digestivos tão díspares quanto uma ave e um mamífero poderiam ter, o felino da Sumatra e o pássaro brasileiro tem duas coisas em comum: adoram comer as cerejas (fruto in natura) do café e defecam estes de maneira separada das fezes comuns, parecendo um "pé de moleque" meio trash. A partir disso, os grãos são recolhidos manualmente, passam por secagem, limpeza e torrefação para chegarem ao mercado com altíssimos preços (O Kopi Luwak custa 1200 DOLARES o kg, e o Jacu, 300 reais o kg em média).



Voltando à Curitiba. Estava fazendo um city tour para mostrar à Cá as belezas da cidade que tanto gosto e passamos pela Ópera de Arame. Neste lugar (lindo, aliás), criado por Domingos Bongestabs, de estrutura tubular e revestimento de policarbonato transparente, existe um simpático e acanhado café em seu subsolo, o Café da Ópera. Paramos com a intenção de comprar uma água apenas, pois estávamos rodando há um bom tempo, quando vimos no cardápio a verdadeira iguaria dos cafés nacionais: o Jacu Bird. Ao preço de 10 reais a xícara de espresso (muito bem tirado, aliás), resolvemos experimentar para ver o que o tal de Jacu tem a mais que os outros? Provavelmente o melhor café que já experimentei, só isso!

Antes de mais nada, é necessário vencer o preconceito sobre a origem do café. As pessoas torcem o nariz quando ouvem em como ele é criado, mas lembrem-se de um detalhe importante: a maior parte dos alimentos vegetais que você consome utiliza adubo animal, ou seja, excrementos fecais de diversos animais, para conseguir um melhor desenvolvimento da planta e, consequentemente, mais sabor aos seus frutos, folhas ou sementes. Partindo desse princípio, pense que o Jacu Bird é simplesmente um café adubado, e o Jacu, o trator que distribui o adubo pela plantação, certo?
Mas, vamos à prova: o Jacu Bird é um café encorpado, mas suave. Extremamente equilibrado, não tem acidez acentuada nem amargor, deixando um resíduo adocicado na boca. Preparando-o como um espresso, a forma que experimentamos, tem crema espessa e persistente, em uma diferença enorme para a maioria dos grãos que estamos acostumados a comprar por aí ou aos cafés que pedimos em diferentes estabelecimentos. O preparo do café é muito importante, então, se você for comprar para utilizar em casa, informe-se sobre a melhor maneira de prepará-lo, correndo o risco, se não pesquisar antes, de fazer um café extremamente fraco (já que o Jacu Bird é um café mais delicado por natureza).



Depois de degustar o café (até para nào estragar o gosto bom que ele deixou na boca), o negócio foi pedir a conta e continuar feliz o tour por Curitiba e suas maravilhas (inclusive o Madalosso, que a Cá já escreveu a respeito), e que venha o café do felino da Sumatra!