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Coco Bambu e os Camarões à Milanesa

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Depois de algum tempo de ostracismo, estamos de volta, e agora para falar sobre um dos grandes restaurantes nordestinos que aportou em SP: o Coco Bambu.
Bem localizado, no prédio que abrigava o fanfarrão e fujão T.G.I. Friday´s (que saiu do Brasil sem sequer dar alguma justificativa plausível), o Coco Bambu é um restaurante de grande sucesso em Fortaleza, e expandiu para outras cidades, como Brasília, Teresina e a Paulicéia Desvairada e chuvosa na qual nos encontramos.
Com uma reserva feita (apesar do restaurante estar vazio), fomos muito bem atendidos pela hostess, que nos indicou o caminho a seguir para nossa mesa. Acompanhados dos nossos habituais cúmplices nestas descobertas (que, inclusive nos sugeriram o restaurante), fomos ver o que o Coco Bambu tinha de bom para nos oferecer, e tudo se resume a um prato: Camarão à Milanesa.


Não, o cardápio não tem só este fruto do mar empanado, aliás, peca por ser um cardápio muito extenso, mas o garçom insistiu até o momento da sobremesa para que escolhessemos o coitado do crustáceo para nossa entrada. A cada pergunta para o garçom, vinha a resposta pronta: "Aceitam um Camarão à Milanesa?". Em dúvida sobre que entradas pediríamos, ouvimos pelo menos 15 vezes o garçom oferecer o mesmo prato, e já havíamos falado que não nos interessávamos por ele. Então ele nos deixou pensar um pouco, enquanto buscava as bebidas solicitadas (a Cá pediu uma ótima Caipifruta de Caju, enquanto nós três partimos para nossos pedidos não-alcoólicos habituais). Quando apareceu novamente, voltou a insistir (muito!) no tal camarão.

As ótimas entradas: Queijo Coalho e Lula à Dorê
Pedimos de entradas uma porção de lula à dorê (ótima, sequinha, bem empanada, soltinha e tenra), e espetos de queijo de coalho com melaço de cana (muito bons também), mas ouvimos mais algumas vezes do garçom que deveríamos pedir o camarão à milanesa, se já o conhecíamos (não, não tínhamos sido apresentados à ele, afinal, ele não veio na mesa conversar conosco).
Hora dos pratos principais, e fica um problema sério: Como 4 pessoas indecisas por natureza conseguem decidir pratos (que normalmente servem 2, 3 ou 4 pessoas) de forma rápida? Ainda mais em um cardápio tão extenso? Nossa demora para pedir o prato principal nos fez ouvir algumas vezes o mantra do garçom: camarão à milanesa?
Rede de Pescador
Depois de muita indecisão, chegamos a um ponto em comum: a Rede de Pescador. Um prato com diversos frutos do mar (lagostas, camarões, mariscos, lulas e peixe), acompanhados de arroz com açafrão; Na teoria, no cardápio, servia 4 pessoas, mas qual a nossa surpresa quando o garçom nos fala que "não serve tão bem assim 4 pessoas", e tenta nos empurrar novamente o camarão à milanesa. Falamos que pediríamos somente a Rede e, caso necessário, pediríamos algo depois. Todos os frutos grelhados à perfeição, da forma que você realmente espera em um restaurante deste tipo de culinária, e, ao contrário do que o insistente atendente deu a entender, o prato serviu 4 pessoas, ainda mais porque já havíamos comido as entradas e a atitude do garçom se torna um ponto absurdamente negativo (ele foi instruído a enfiar um camarão à milanesa goela abaixo dos clientes, a falar que os pratos não serviam muito bem o número de pessoas indicada no cardápio ou a inaptidão foi por conta dele?). o prato, com 4 caudas de lagosta, uma porção de camarões, lulas e mariscos, e duas grandes postas de peixe, era suficiente para a ocasião.
Satisfeitos com o prato principal, partimos para a sobremesa, e o garçom escolhe novamente o que devemos comer: Pudim de leite condensado. E a insistência habitual muda de prato, mas não de frase: "vocês conhecem o pudim de leite? É muito bom!"; quem me conhece sabe que eu adoro esta iguaria doce, mas queria experimentar outra coisa, e todos escolhemos sobremesas diferentes: uma torta cremosa de banana (que de cremosa não tinha nada, seca e com pouco sabor), uma torta de chocolate (ótima), uma cocada cremosa ao forno (talvez a melhor de todas as sobremesas que pedimos, e a primeira cocada que experimentei que não era absurdamente seca), e um suflê de goiaba com cobertura de requeijão. Neste ponto, e neste prato, começa novamente a insistência do garçom: " o suflê demora de 20 minutos à meia hora, não tem problema? Você não quer pedir outra coisa, um pudim de leite?". Me contive, pois na hora, minha vontade era de bater a cabeça do garçom na mesa, e falar para ele, enquanto ele dava de face na espessa madeira: "não, não, não! Não quero pudim de leite!"; mas, ao invés disso, incentivado por todos na mesa (que não se importaram em esperar um pouco mais), pedi o suflê.
Vai um pudim de leite????
Minha experiência com suflês de goiaba começou no Carlota, há alguns anos, e tudo era ótimo: a calda quente e cremosa de queijo, mas ainda assim líquida o suficiente para sair do pequeno bule em que ela é depositada, para um suflê aerado e macio; no Coco Bambu, apesar de ser um pouco doce demais, o suflê estava ótimo, mas a cobertura de queijo nada mais era que um pouco de requeijão, frio (e por isso, relativamente duro) em um mini bule, o que me fez tentar tirar de todas as formas (já que a colher mal cabia dentro da jarrinha) a calda para inserir no suflê.
Ao pedirmos nossos tradicionais cafés e a conta, duas surpresas: a primeira, o garçom, ao oferecer o café, não falou "pudim de leite" nem "camarão à milanesa", um milagre!!!! Mas, jogou tudo por terra ao nos oferecer um café "restrito" (Não seria Ristretto?????). A segunda, a conta: 460 reais para 4 pessoas, ou seja, mais de 110 reais por pessoa. Pelo que oferece, e principalmente pelo atendimento, talvez seja um restaurante para conhecer por curiosidade, e só isso; existem vários outros restaurantes em São Paulo (e na grande São Paulo) oferecendo frutos do mar tão bons a preços mais acessíveis, e não tentando te empurrar um camarão empanado. Descendo as escadas para ir embora, fiquei pensando se a troca da costelinha ao molho de Jack Daniel´s e a Oreo Madness pelo camarão à milanesa e o pudim de leite valeram a pena. Como eu quase não frequentei o Friday´s na vida mesmo (e aprendi a receita tanto do molho de Jack Daniel´s quanto da Oreo Madness), então o Coco Bambu pode ficar lá onde está, longe do meu bolso (que não pode pagar por isso o tempo todo).

Comments (2)

Putz, vc devia ter aceitado o pudim, foi o melhor que eu ja comi. Junto com a cocada é o que tem de melhor lá, me surpreendeu.

O milanesa e um camarão delicioso mas não se compará ao rede de pescador

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