O que um café em Santo André, uma cervejaria e um restaurante em São Bernardo tem em comum? Simples: os três não existem mais, assim como uma série de coisas muito boas, sem a grife de uma franquia (ou ser indicados pelo absolutamente "imparcial" júri da Veja ABC).
Na região em que vivemos, famosa pelas indústrias automotivas, metalúrgicas, sindicatos e um certo ex-presidente (que nunca saberemos se faz um joinha ou um hang loose....), o crescimento demográfico absurdo e o aumento da renda da população criou uma série de novas oportunidades de entretenimento, seja gastronômico ou não. Em menos de 5 anos, vários shoppings (com suas praças de alimentação pasteurizadas) foram reformados e /ou construídos, para serem aproveitados por cidadãos que residem em verdadeiros clubes em forma de condomínios.
Vendo este panorama, nada mais certo que apostar na criação de algo de alto nível (um lugar de alto nível não significa um restaurante caro e cheio de frescuras), para satisfazer este público, certo? Não. Infelizmente, no túmulo do samba conhecido como ABC Paulista, o status de ir à algum lugar da moda ainda é muito mais importante que a qualidade dos serviços prestados por este local.
Citei 3 exemplos no começo do texto, que podem ilustrar muito bem essa idéia. Comecemos pelo mais antigo: O Madame Tussaud Microcervejaria. Um bar simples, com ótimos pratos/petiscos e que tinha como grande diferencial a excelente cerveja produzida lá mesmo, pelas simpáticas proprietárias, que estavam anos-luz à frente destas cervejas "artesanais" que se tornaram famosas nos últimos tempos. Bem localizado, ao lado da mais badalada avenida de SBC (a Av. Kennedy), o Madame durou quase 10 anos, sempre vazio, com uma frequência assídua de pessoas (poucas) que se tornaram amigas das proprietárias, e que faziam a propaganda na base do boca-a-boca para os amigos, que iam conhecer o local e adoravam, mas não retornavam o tempo todo. Você pode falar que foi falta de divulgação; ok, falaremos sobre isso mais para a frente.
O segundo exemplo é um dos ótimos cafés que tivemos a oportunidade de conhecer: o Café Bandeiras.
Para finalizar os exemplos, o
O fato é que como contraponto disso tudo acima, os "pseudo-australianos" da vida (restaurantes de redes conhecidas, com preços altíssimos e filas idem) continuam absurdamente lotados, diariamente, em SP, por moradores do ABC, enquanto restaurantes melhores, localizados do outro lado da rua, ou na esquina de casa, sobrevivem às moscas. Casas como o Starbucks (nada contra, muito pelo contrário - e também não há propagandas deles) vivem cheias dentro de shoppings, enquanto cafés muito melhores, como o Bandeiras, fecham por falta de público. Quantos anúncios do The Fifties você viu na TV na sua vida? Então porque ele tem muito mais ocupação de mesas que a Sanduicheria Petrópolis em SBC, que é melhor e mais barata, e faz tanta propaganda quanto a lanchonete pseudo-americana dos anos 50? Porque não criar um ponto de referência em SBC para que o público de SP venha para cá, ao invés do contrário? Será a propaganda, ou a falta dela, a vilã da história? Não creio nisso.
Deslumbramento |
Enquanto a visão provinciana que domina grande parte da população da região e a imbecilização do povo, que tem preguiça de pesquisar locais diferentes e arriscar coisas novas pelo ABC, o mundo da gastronomia nas 3 cidades vai sempre ficar refém das grandes praças de alimentação dos shoppings e dos restaurantes que se vangloriam de serem "premiados" por uma revista que nunca sai do óbvio (por motivo$ que é melhor não comentar).
Sabemos o quanto é complicado, gerir um negócio, ainda mais neste ramo, e para este público, mas ao mesmo tempo é gratificante. E ,no fim das contas, quem arriscaria ter um restaurante, café, pizzaria, ou outros, com um algum conceito diferente que dá tão certo em SP, aqui na região? Ninguém gosta de rasgar dinheiro, e por isso as opções nunca surgem. Os poucos loucos e apaixonados pelo que fazem que se arriscam, deveriam ter uma estátua em praça pública só pela iniciativa. Um círculo vicioso que nunca se rompe: não abrir algo diferente por não ter clientes pelos motivos acima, mas ao mesmo tempo, não se arriscar em um novo negócio faz com que essa cultura nunca mude. Em tempos de cebolas gigantes e chefs que gostam de servir arroz com feijão por quase R$ 100,00 por pessoa, abrir os olhos do povo parece algo impossível, e exatamente por isso temos de reverenciar os que tentaram, e ainda tentam. Obrigado Valter (e a todos os outros citados, entre vários outros locais que já fecharam ou estão em via de baixar as portas por conta do baixo movimento) por ter insistido em sair da mesmice com suas idéias diferentes, serviço impecável e cardápio excelente. Torcemos por um mundo (na verdade, um ABC) com mais Madalenas e menos Outbacks e Jettas Brancos.
Realmente o Madalena foi uma perda.
Conheci o Valter quando ele trabalhava com o Sérgio, no Pq. Espacial
Você tem o contato do Valter?
Oi Diego, o Valter está trabalhando num restaurante por quilo super simpático na R. Municipal, no centro de S. Bernardo, ao lado da Cacau Show. Funciona de Seg. a Sabado, na hora do almoço. Obrigada pela visita.