Viagens nem sempre são só por diversão. Existem os viajantes que saem de casa por causa do trabalho, os que se aventuram como turistas em lugares desconhecidos, os que simplesmente querem sumir, e existem algumas pessoas que viajam por obrigação, mesmo que não seja a serviço. Este é meu caso. Forçado a voar todo ano para os EUA por questões de visto, tento fazer com que esta obrigação se torne, ao mínimo divertida (o que tem sido difícil porque minha companheira de viagens tem de ficar no Brasil - por pouco tempo, né, Cá?), e, pela primeira vez, tive companhia na minha "green card trip": meu primo Rafael me acompanhou, com o pretexto de voltar e já ficar no México, (enquadrado no primeiro tópico: sair de casa por causa de trabalho).
Se você quer ver alguém cansado, vá ao aeroporto de Guarulhos e espere as pessoas saírem daquele voo de 12 horas de duração, diurno, em classe econômica (esta regra vale para qualquer aeroporto do mundo, aliás) e talvez dê pra imaginar o quanto estava me sentindo ao chegar em NY ,por volta das 20h, querendo basicamente:tomar um banho, falar com a Cá no Messenger e cama. Fomos direto para o hotel depois de checkin feito, malas guardadas no quarto, o estomago de avestruz do meu primo resolveu acordar e então decidimos sair para comer alguma coisa. Enquanto eu pensava onde poderíamos comer próximos ao Times Square (para apresentar pro Rafael a poluição visual maravilhosa que é aquele local à noite), ele veio com uma idéia que tinha visto no Otávio Mesquita na noite anterior. Pensei comigo: Nada que venha do Otávio Mesquita presta, mas vamos fazer a vontade do turista, coitado.

Depois de uns 5 minutos, chega o "couvert" de entrada: Picles. Muitos picles, de diversos tamanhos (por picles entenda-se apenas pepino em conserva), e dois copos cheios de água mineral. Pensando ainda no que fazer com aquelas informações, chega o garçom com dois garfos. "Ah", pensei, "agora eu sei como dá pra comer os picles..." Pouco tempo após o "couvert", os pratos de nossos vizinhos de mesa chegam.... um T-bone absurdamente enorme com uma igualmente grande baked potato, e um medalhão de sirloin com pure de batatas. Já comecei a ficar com medo do desafio que chegaria pro Rafael (afinal, meu lanche era só um hamburger de peru, não devia ser nada de mais) e nosso pedido resolve dar as caras. Não há como descrever, basicamente, a cara de surpresa.


Brigando muito comigo mesmo, consegui comer o lanche quase inteiro (deixando o alface de lado), e o Rafael, com muito custo, conseguiu comer um pouco menos da metade do lanche dele. Ao ver que ele não conseguiria comer tudo, o garçom, extremamente atencioso, já perguntou: "doggy bag?". Já respondemos que sim e em menos de 1 minuto o lanche restante estava embalado para viagem. Em tempo, quando ele fez o pedido, o garçom ainda perguntou: O Woody Allen? Só para você? hum..... ok! Na hora, achei que ele estava desprezando a fome absurda que aquele elemento sente diariamente, mas não, ele tinha razão. Na hora de pagar a conta, a segunda surpresa: 35 dolares, para duas pessoas, mas facilmente, os dois lanches serviriam 4 pessoas, ou seja, seria um pouco mais de 10 dolares/pessoa. Na saída, outro susto, um cheesecake de morango dos sonhos: praticamente 30 cm de altura! Mas esse vai ter de ficar para uma próxima viagem. Em um país onde tudo é superlativo, em que o povo tem mania de grandeza, o Carnegie Deli é até um abuso. Como especialista em junkie food, lanches e coisas do gênero, posso afirmar que nunca vi nada igual, nem nos sanduíches ridículos de enorme que crio para poder fotografar. Recomendadíssimo, com todas as forças restantes após um turkeyburger, e um conselho: Vá com dinheiro (pois não aceita cartões) e fome. Muita Fome.
The Carnegie Deli
854 7th Avenue at 55th Street, New York, New York, 10019
Uia!
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